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By Ferramentas Blog

sábado, 28 de agosto de 2010

O tempo da primavera...


Já é domingo, são 19 minutos do dia 29 de agosto de 2010. Tenho pensado no tempo, meu tempo está correndo e agora tem se tornado mais intensa sua urgência, não apenas no contexto filosófico da vida, mas certa angústia me atordoa com as coisas profanas que me relaciono, entenda que o sentido da palavra profana vem da época que a vida cultural saiu dos templos e tomou lugar nos lugares comuns como teatros, praças, portanto saiu do sagrado para a vida rotineira e normal de todos nós seres presos ao tempo e espaço. É o telefone que toca enquanto faço algo que atribuo ser importante, o ônibus não irá me esperar portanto tenho que condicionar certas atividades e horários de meu dia em função dele... Sempre o tempo me controla com sua implacável tirania. Algo que me faz transcender o tempo é estar dentro de uma caverna, lá o tempo é outro, o santuário natural é formado pelo mesmo tirano que me persegue, talvez pela minha postura de agressividade o senhor tempo apenas se mostre como Cronus, porém lá dentro da profundeza da terra a face que se expõe é o Kairós. Neste começo de dia me ví inspirado a assistir ao vídeo da Sussan Boyle, em que uma senhora de 47 anos, de uma "vidinha medíocre do interior" aos olhos da cultura atual pode finalmente brilhar... Assim como a caverna que surgiu do lento resfriamento de lavas quentes do interior da terra, aquela mulher pôde em meio as suas crises formar algo sólido e belo. Talvez sua relação com o tempo tenha sido de respeito, pôde flertar com ele durante seus 47 anos de vida e como a relação de ambos foi amigável, este mostrou sua face Kairós, face amável e cuidadosa, pôde na hora certa tomar posse do que era seu (o grande talento) e mostrar ao mundo isto, o tempo a moldou... Penso que o respeito pela crise deve ser uma das premissas, e acreditar que o amigo tempo sempre mostrará sua fase fraterna Kairós, tirando flores de pedras depois de lentamente erodir o sólido e transformar em algo fértil, que permitirá a primavera acontecer...

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Papai, as nuvens são sagradas por serem a morada de Deus?



Lembro de quando perguntei ao meu pai se as nuvens eram sagradas por estarem aos pés de Deus, e dando continuidade ao questionamento perguntei também se a fumaça proveniente das queimadas ficariam sagradas ao “tornar-se nuvens”, pois tinham o mesmo aspecto e se integrariam a morada celeste de Deus... Nesta época tinha quatro anos de idade...
Muitas experiências carrego em meu consciente, (que dirá no inconsciente!), essa é uma delas... Não me lembro da resposta de meu pai, sei que éramos pessoas simples, vivíamos numa fazenda e quase nada conhecíamos da ciência, mas especulávamos sobre os desígnios da divindade e creio que tenha ele respondido afirmativamente às duas questões. Lembrei disso ao sobrevoar algumas nuvens e ultrapassá-las. Pude integrar-me a elas quando a aeronave em que estava a bordo entrou numa formação de nuvens e logo em seguida ultrapassou-as ficando bem acima das mesmas. Talvez tivesse vivido isso quando criança teria sido frustrante conhecer a morada de Deus e não ver nada diferente do que vemos da terra, ou talvez a certeza da transfiguração ao penetrar no solo de Deus e não acontecesse nada comigo, continuava a ser eu mesmo com minhas conquistas feitas e conquistas à realizar... Fato é, o céu azul que via da aeronave era imenso, e mostrava existir ainda muita coisa acima de mim, estaria Deus em forma de “pessoa” vivendo naquela imensidão? Certamente não... Hoje o pouco conhecimento de ciência que tenho me faz dar nomes às coisas e tirar o misticismo que colocava no intocado, talvez o mesmo misticismo que temos com aquilo que especulamos e não podemos explorar, pois na nossa realidade evolutiva jamais temos dados reconhecidos pela ciência atual como a morte, ao contrário da visita às nuvens que posso desbravá-las a bordo de uma aeronave, a morte não vende passagem para os curiosos explorarem e algum tempo depois voltar para limitação segura do tempo e espaço conhecido. O sagrado está nas nuvens? Creio que também esteja nas nuvens, mas certamente poderei experiencia-lo muito mais em mim, nas minhas faces ocultas, ou em cada desdobramento que me permito vivenciar, em cada mistério que aos poucos o desmistifico evidencia a presença forte deste sagrado chamado Deus. O mundo exterior é projeção do meu mundo interior, a dúvida que manifesto, possivelmente de forma simbólica representa a busca por encontrar e entrar em comunhão com o transcendente, este desconhecido que mora em mim. Papai sou sagrado por ser morada de Deus?